O Sítio das Coisas Selvagens - Dave Eggers
"Tinha portanto uma escolha. Ficaria atrás da cortina a pensar nas coisas, a marinar a sua própria confusão, ou iria vestir o seu fato de pêlo branco e uivar e arranhar e dar a saber quem mandava naquela casa e em todo o mundo conhecido e desconhecido?"
'O Sítio das Coisas Selvagens', Dave Eggers
Maurice Sendak é a inspiração de Dave Eggers para este livro adaptado do argumento que escreveu para o filme de Spike Jonze 'O Sítio das Coisas Selvagens'. Uma história mágica de mundos desconhecidos, de personagens fantásticas e de um menino à procura de alguém que o compreenda.
Max sente-se cada vez mais afastado da família. O pai foi-se embora, a mãe passa muito tempo com o novo namorado e a irmã, a entrar na adolescência, quer cada vez menos saber das suas brincadeiras de criança. Por isso, um dia, Max veste o seu fato de lobo e encontra um barco para navegar à deriva, até encontrar uma ilha habitada por criaturas selvagens. Lá, torna-se rei destes seres monstruosos e tenta encontrar o seu lugar no seu mundo, fugindo ao que deixara para trás.
A aura de sonho em torno dessa viagem de Max está bastante bem criada e descrita por Eggers, na forma como Max se recusa sempre a comer os bichos que as criaturas da ilha comem (como sobreviveria tantos dias sem comer se esta aventura fosse real?) e até na maneira como foge e regressa a casa de barco, sem qualquer controlo sobre o seu destino. Mas nada disto é relevante no universo mágico que Eggers cria para acompanharmos esta viagem pessoal de Max às profundezas da sua imaginação de criança, ao seu escape da realidade.
Nesta ilha, Max conhece muitos novos amigos (e alguns inimigos também) que nunca esquecerá, como Carol e Katherine. Cada uma destas criaturas tem uma personalidade forte e uma característica muito própria que a destaca dos outros, para além do seu aspecto também bastante diferenciado. No entanto, é Carol que mais parece nele confiar e dele precisar - apesar da sua monstruosidade, é o mais sensível e ingénuo de todos, confiando cegamente no poder de Max e na sua inteligência de lobo.
As aventuras que vivem juntos são inúmeras, na maior parte das vezes criadas por Max para divertir os novos amigos, como a falsa guerra que inventou para se entreterem e que por pouco não acabava com verdadeiras baixas. É uma história bastante episódica, com capítulos curtos e uma escrita, apesar de elaborada em alguns dos pensamentos de Max e na forma como procura entrar na cabeça de uma criança, bastante simples e directa. Não deixando de nos envolver nestes mesmos pensamentos e sentimentos da personagem principal, que faz valer esta transformação legível em todo o romance.
'O Sítio das Coisas Selvagens' é um sítio mágico onde, contudo, o espírito e a ingenuidade infantis de Max se confundem por vezes com uma maldade não intencional, tornando a sua passagem por este mundo bastante mais realista do que podíamos adivinhar. É um livro simples que explora as "dores" de crescimento e a necessidade de darmos espaço à imaginação das crianças, mesmo que, crescendo, percamos um pouco da nossa criatividade e esperança em mundos mágicos.
Max sente-se cada vez mais afastado da família. O pai foi-se embora, a mãe passa muito tempo com o novo namorado e a irmã, a entrar na adolescência, quer cada vez menos saber das suas brincadeiras de criança. Por isso, um dia, Max veste o seu fato de lobo e encontra um barco para navegar à deriva, até encontrar uma ilha habitada por criaturas selvagens. Lá, torna-se rei destes seres monstruosos e tenta encontrar o seu lugar no seu mundo, fugindo ao que deixara para trás.
A aura de sonho em torno dessa viagem de Max está bastante bem criada e descrita por Eggers, na forma como Max se recusa sempre a comer os bichos que as criaturas da ilha comem (como sobreviveria tantos dias sem comer se esta aventura fosse real?) e até na maneira como foge e regressa a casa de barco, sem qualquer controlo sobre o seu destino. Mas nada disto é relevante no universo mágico que Eggers cria para acompanharmos esta viagem pessoal de Max às profundezas da sua imaginação de criança, ao seu escape da realidade.
Nesta ilha, Max conhece muitos novos amigos (e alguns inimigos também) que nunca esquecerá, como Carol e Katherine. Cada uma destas criaturas tem uma personalidade forte e uma característica muito própria que a destaca dos outros, para além do seu aspecto também bastante diferenciado. No entanto, é Carol que mais parece nele confiar e dele precisar - apesar da sua monstruosidade, é o mais sensível e ingénuo de todos, confiando cegamente no poder de Max e na sua inteligência de lobo.
As aventuras que vivem juntos são inúmeras, na maior parte das vezes criadas por Max para divertir os novos amigos, como a falsa guerra que inventou para se entreterem e que por pouco não acabava com verdadeiras baixas. É uma história bastante episódica, com capítulos curtos e uma escrita, apesar de elaborada em alguns dos pensamentos de Max e na forma como procura entrar na cabeça de uma criança, bastante simples e directa. Não deixando de nos envolver nestes mesmos pensamentos e sentimentos da personagem principal, que faz valer esta transformação legível em todo o romance.
'O Sítio das Coisas Selvagens' é um sítio mágico onde, contudo, o espírito e a ingenuidade infantis de Max se confundem por vezes com uma maldade não intencional, tornando a sua passagem por este mundo bastante mais realista do que podíamos adivinhar. É um livro simples que explora as "dores" de crescimento e a necessidade de darmos espaço à imaginação das crianças, mesmo que, crescendo, percamos um pouco da nossa criatividade e esperança em mundos mágicos.
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