Persépolis - Marjane Satrapi
É uma das novelas gráficas mais aclamadas de sempre e merece todas as honras possíveis. 'Persépolis' é uma autobiografia em banda desenhada, que nos transporta para um mundo diferente daquele que conhecemos e que muitas vezes escolhemos ignorar por se encontrar tão distante.
O Irão vive a revolução islâmica, em 1979, após a deposição do Xá e o desvio da revolução do seu objectivo secular pelo Ayatollah. Marjane vive em Teerão com os pais no centro deste momento histórico: tem dez anos e é uma rapariga rebelde, filha de um casal de convicções marxistas. Marjane tem um fetiche por Che Guevara e acredita que fala com Deus e que o seu desígnio neste mundo é ser profeta. Mas a vida faz com que tenha de crescer mais depressa, numa adolescência em que familiares e amigos desaparecem de formas misteriosas, em que as raparigas são obrigadas a usar véu e o quotidiano é uma guerra constante nas ruas.
A primeira parte da novela gráfica trata desta infância e adolescência de Marjane, contada de forma muito simples mas com muito coração. Apesar de toda a dor, de todas as circunstâncias menos felizes que viveu neste período da sua vida, relata-as (e descreve-se a si mesma) com muito humor e com a inocência própria da criança que foi.
Na segunda parte, Marjane parte para Viena aos catorze anos, já nos anos 80, quando o rock prosperava e a Europa era um lugar totalmente diferente do que conhecia. Como rapariga rebelde e livre que sempre fora (ainda que enclausurada na sua concha por ser mulher, criança e viver num país em guerra), Marjane aprende a viver sozinha, descobre-se aos poucos (e aos outros) e sofre também nesta nova fase por não encaixar totalmente neste mundo a que não pertence.
O que vivemos através desta novela gráfica monocromática e bastante negra é a busca constante de liberdade por parte desta rapariga que ainda não sabe bem quem quer ser. Utiliza muito bem este humor subtil para ajudar a compreender o que viveu - sentimentos que possivelmente outras raparigas da sua geração terão experimentado ao viver numa cidade como Teerão e não encontrando consolo na revolução islâmica - e para dar a conhecer a sua história ao mundo.
Para além da riqueza e tristeza da sua vida, impossíveis de ignorar por ser um livro recheado de sentimento, 'Persépolis' é também um documento histórico muito rico daquela época e daquele local, que nos aproxima muito desta realidade: a luta contra o chá pela liberdade e pela justiça social e os antecessores de Marjane que participaram nesses episódio histórico; a tomada da revolução por parte dos fundamentalistas islâmicos, que instalam um regime; e a falta de liberdade nas ruas que resultou desta nova ditadura política e religiosa.
Marjane não podia ter escolhido um traço simplista mais indicado para contar em banda desenhada o que tinha dentro de si - e encontrar na literatura o seu verdadeiro desígnio, de escrever e desenhar a sua infância e adolescência para que a história nunca deixe de impressionar leitores em todo o mundo, como a mim impressionou e apaixonou.
A primeira parte da novela gráfica trata desta infância e adolescência de Marjane, contada de forma muito simples mas com muito coração. Apesar de toda a dor, de todas as circunstâncias menos felizes que viveu neste período da sua vida, relata-as (e descreve-se a si mesma) com muito humor e com a inocência própria da criança que foi.
Na segunda parte, Marjane parte para Viena aos catorze anos, já nos anos 80, quando o rock prosperava e a Europa era um lugar totalmente diferente do que conhecia. Como rapariga rebelde e livre que sempre fora (ainda que enclausurada na sua concha por ser mulher, criança e viver num país em guerra), Marjane aprende a viver sozinha, descobre-se aos poucos (e aos outros) e sofre também nesta nova fase por não encaixar totalmente neste mundo a que não pertence.
O que vivemos através desta novela gráfica monocromática e bastante negra é a busca constante de liberdade por parte desta rapariga que ainda não sabe bem quem quer ser. Utiliza muito bem este humor subtil para ajudar a compreender o que viveu - sentimentos que possivelmente outras raparigas da sua geração terão experimentado ao viver numa cidade como Teerão e não encontrando consolo na revolução islâmica - e para dar a conhecer a sua história ao mundo.
Para além da riqueza e tristeza da sua vida, impossíveis de ignorar por ser um livro recheado de sentimento, 'Persépolis' é também um documento histórico muito rico daquela época e daquele local, que nos aproxima muito desta realidade: a luta contra o chá pela liberdade e pela justiça social e os antecessores de Marjane que participaram nesses episódio histórico; a tomada da revolução por parte dos fundamentalistas islâmicos, que instalam um regime; e a falta de liberdade nas ruas que resultou desta nova ditadura política e religiosa.
Marjane não podia ter escolhido um traço simplista mais indicado para contar em banda desenhada o que tinha dentro de si - e encontrar na literatura o seu verdadeiro desígnio, de escrever e desenhar a sua infância e adolescência para que a história nunca deixe de impressionar leitores em todo o mundo, como a mim impressionou e apaixonou.
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