Our Man in Havana - Graham Greene

"- Do you know what Savage said to me? I can tell you, it gave me a very nasty nightmare. He said that one of the drawings reminded him of a giant vacuum cleaner.
- A vacuum cleaner! - Hawthorne bent down and examined the drawings again, and the cold struck him once more."
'Our Man in Havana',  Graham Greene

Graham Greene é o mestre da sátira da espionagem e da apologia das relações humanas sobre todo o horror que a vida pode proporcionar. Apaixona à primeira leitura e continua a apaixonar em todas as seguintes, como nesta obra escrita entre as suas muitas viagens a Cuba ainda antes da revolução cubana.

'Our Man in Havana' conta um episódio life-changing da vida de Jim Wormold, um inglês que vive em Havana e tem uma loja de aspiradores. Abandonado pela mulher, Wormold tem dificuldades financeiras para sustentar e agradar a filha de 17 anos, Milly, que é constantemente cortejada pelo Captain Segura, da polícia local. É neste contexto que Wormold é recrutado como espião dos serviços secretos britânicos e começa a lucrar com os relatórios que envia à chefia.

Procurando limitar os possíveis spoilers, que oferecem um brilhantismo único a esta história, é interessante ver como Greene satiriza a espionagem britânica, toda a rede dos serviços secretos, e ao mesmo tempo a estupidez humana. A simplicidade e ingenuidade de Wormold transformam-se ao longo da obra, pela sua necessidade de obter ganhos superiores e satisfazer os desejos da filha adolescente, tornando-o calculista, inteligente e muito perspicaz.

"They can print statistics and count the populations in hundreds of thousands, but to each man a city consists of no more than a few streets, a few houses, a few people. Remote those few and a city exists no longer except as a pain in the memory, like the pain of an amputated leg no longer there. It was time, Wormold thought, to pack up and go and leave the ruins of Havana."

É sobretudo um romance construído em torno da sua narrativa, mas também em torno das suas personagens. Para além da complexidade e da transformação de Wormold, a sua amizade com o Dr. Hasselbacher é um dos maiores desafios que esta aparente "venda" da sua alma aos serviços secretos o leva a enfrentar. O mesmo em relação a Beatrice, enviada como secretária pelos serviços secretos para ajudar Wormold a contactar as suas fontes e a proteger-se. Mas ninguém escolhe quando e por quem se apaixona.

Há um humor muito subtil e inteligentemente inserido nesta obra de Greene, na forma como Wormold cria os seus relatórios e estes são tomados pelos serviços secretos. E também prevalece, no meio de toda esta história aparentemente bem humorada, um drama profundo no impacto que esta nova vida de Wormold tem sobre os seus amigos, desconhecidos que a ele estão ligados por laços inexistentes, e mesmo sobre a sua percepção da vida em Havana.

Não há forma de expressar o interesse que este livro desperta em nós, o seu tom policial que acelera a leitura, o seu humor satírico que nos leva a querer saber como vai terminar esta história, e mesmo a última parte mais dramática e emocionante que desperta o nosso lado mais humano. Greene é um génio e um autor muito versátil e completo que nos deixa sempre - positivamente - sem palavras.

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